Publicado em: **Quarta-Feira, 23/07/2025**
Na noite desta quarta-feira, o Centro de Treinamento do S.C. Sinachi virou palco de um encontro inusitado. Entre a bandeira com o icônico pug, cadeiras improvisadas e seguranças atentos, Willian Bonner, âncora do maior telejornal do país, se sentou frente a frente com o polêmico Ricardo Sinachi, presidente do clube que parece render mais manchetes fora do campo do que dentro dele.
Em pouco mais de 50 minutos de entrevista, Sinachi chorou, ironizou, citou passagens bíblicas, admitiu dívidas, criticou torcedores e, num dos momentos mais inesperados, garantiu: “Eu tô com Deus, mas meus amigos agiota, bicheiro e lavador de dinheiro não saem da minha mesa.”
A seguir, a íntegra da conversa, sem cortes.
📺 A ENTREVISTA
Bonner: Presidente, a pergunta que não quer calar: onde o senhor estava enquanto seu time perdia de 4 a 1 para o Cactos?
Sinachi: [Respira fundo, cruza os braços] Bonner, eu estava onde eu sei viver. Eu estava na rua, de samba, de risada, de cerveja gelada. É o que eu sei fazer desde moleque. Não é arrogância, é a minha verdade. Eu não fujo. Só não fico enfiado em CT chorando, porque isso não ganha jogo.
Bonner: Mas o torcedor foi pra porta do CT pedir seu impeachment no dia seguinte…
Sinachi: E eu respeito. Mas que tragam uma proposta pra pagar minhas dívidas também. Eu devo pra agiota, pra bicheiro, pra lavador… isso é manchete. Mas isso é real. Agora, o time é meu. Enquanto eu tiver um fiapo de voz, eu tô sentado nessa cadeira.
Bonner: O senhor saiu de uma clínica de reabilitação semanas atrás, prometendo mudar de vida. Hoje o senhor tá arrependido?
Sinachi: Eu tô arrependido de ter deixado minha mãe chorar. Eu vi minha mãe chorar porque o filho dela tava apostando em vaquejada, cavalo, galgo, futebol. É errado. Fiz promessa, pedi perdão. Mas Deus me conhece — Ele sabe que eu sou falho. E Ele me aceita assim.
Bonner: E os amigos “da velha guarda”? Vai cortar esses laços?
Sinachi: Não. [Bate na mesa de leve] Não vou. Eu não sou ingrato, Bonner. Essa turma botou comida na minha mesa quando eu era feirante no Jardim Marília, quando eu catava reciclável. Banco nenhum me dava limite — eles deram. Hoje sou dono de hotel, tenho essa porra desse time, tenho a Fundação Tuta que bota ração e vacina em cachorro de rua e merenda em criança pobre. Se eu for cuspir no prato de quem me ajudou, eu perco quem eu sou.
Bonner: O senhor se sente perseguido?
Sinachi: Eu me sinto vivo. E eu sei que dou ibope. Olha isso aqui — você, Willian Bonner, na minha frente, sentado no meu CT. Eu sou pauta porque eu sou problema. Se eu fosse santo, ninguém tava aqui.
Bonner: Recentemente teve o caso da postagem polêmica com o clube tailandês. O senhor se arrepende daquilo?
Sinachi: Eu fiz uma piada besta. A internet virou tribunal. O povo esquece que eu sou um cara da rua, do meio do povão. Fiz errado, me desculpei. Mas se não gostou, troca de canal. Eu não tô aqui pra ser politicamente correto.
Bonner: E qual sua mensagem pro torcedor que tá cansado de polêmica e quer ver o Sinachi ganhar dentro de campo?
Sinachi: Torcedor, me escuta: eu sou torcedor também. Eu sangro preto e branco com esse pug. Se você tá puto, tá certo. Mas eu não vou embora. Se eu cair, vou cair sambando, rodeado de quem me botou aqui. Mas eu vou tentar levantar esse clube, mesmo cheio de dívida, processo, agiota na porta. Se eu errar de novo, Deus me perdoa de novo. É isso.
📌 O FUTURO
A entrevista termina com Sinachi de pé, ajeitando a gola da camisa social, enxugando os olhos e pedindo um gole d’água. Lá fora, os seguranças contêm torcedores que insistem em gritar seu nome — uns em apoio, outros pedindo renúncia.
A temporada ainda promete mais manchetes do que gols para o S.C. Sinachi. E, pelo visto, o pug não vai dormir em paz tão cedo.
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